Algo que sempre dá muito o que falar antes do início de uma Olímpíada são os logotipos oficiais, geralmente elaborados por designers do país sede e decididos com bastante tempo de antecedência. Heróis Olímpicos do Brasil, relembra aqui os últimos símbolos olímpicos, e abaixo você confere uma imagem de um atleta ou equipe brasileira que se destacou em cada uma destas edições:
Jogos de Los Angeles - 1884
Vôlei masculino - Prata
Jogos de Seul - 1988
Aurélio Miguel - ouro no Judò
Jogos de Barcelona 1992
Vôlei masculino - ouro
Jogos de Atlanta - 1996
Jaqueline e Sandra - ouro no vôlei de praia
Jogos de Sidney - 2000
Robert Sheidt - prata no Iatismo
Jogos de Atenas - 2004
Rodrigo Pessoa - ouro no Hipismo
Jogos de Pequim - 2008
Vôlei Feminino - ouro
Os logos das próximas Olímpiadas já estão escolhidos. Quem serão os brasileiros que irão brilhar nos Jogos de Londres e do Rio de Janeiro?
Heróis Olímpicos do Brasil abre agora espaço para o judô brasileiro e seu primeiro campeão olímpico: Aurélio Miguel. Como vários outros atletas pelo planeta, o paulistano, nascido em 1964, começou no esporte contra sua vontade, mas por imposição do seu pai, o catalão Aurélio Marin. A idéia era que o garoto de 4 anos ganhasse disciplina e melhorasse de problemas respiratórios.
Convencido que era bom no esporte, o segundo passo foi conseguir participar dos torneios. Aurélio já contou que tinha horror em participar dos eventos de judô, mas o pai o obrigava e queria que o filho fizesse bonito.
O primeiro título com repercussão internacional foi 1987, quando conquistou o ouro no Pan-Americano de Indianápolis, na categoria meio-pesado, para lutadores com até 95 kg. Mas o melhor ainda estava para acontecer.
Aos poucos, Aurélio Miguel foi entendendo a filosofia do esporte que passou a amar e onde escreveu seu nome da história do esporte brasileiro e mundial em 1988. Naquele ano, o brasileiro venceu o alemão Marc Meiling na final e conquistou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Seul, na categoria meio-pesado. O título foi muito comemorado pelo atleta, que passou a ser reconhecido no cenário nacional.
O atleta brasileiro ainda tentou o bicampeonato olímpico em 1996, mas ficou apenas com a medalha de bronze na Olimpíada de Atlanta. Aurélio se aposentou em meados de 2000, sem conseguir conquistar a medalha de campeão mundial. Rogério Sampario, em 1992, nos Jogos de Barcelona, foi o único judoca brasileiro a igualar o feito de Aurélio Miguel.
Atualmente, o campeão olímpico continua lutando pelo esporte, mas no lado da política. Aurélio Miguel está no seu segundo mandato como vereador da Câmara Municipal de São Paulo pelo Partido da República.
A natação recebeu atenção especial durante as Olimpíadas de Pequim, em 2008, sobretudo devido ao desempenho fenomenal do americano Michael Phelps , que conquistou oito medalhas de ouro e se tornou o maior campeão olímpico de uma única edição dos Jogos – superando seu compatriota Mark Spitz que havia ganho sete em Munique, 1972. Mas as águas do complexo Cubo D´Água também entraram para a história do esporte brasileiro com a conquista do ouro inédito de César Cielo, nos 50m livre.
Porém, antes de chegar ao ouro olímpico, a natação brasileira teve outros heróis, que quase atingiram o feito e influenciaram as seguintes gerações – os mais recentes, inclusive, tem grande participação na medalha dourada de Cielo.
A história de conquistas do Brasil na modalidade teve início em 1952, em Helsinque, quando Tetsuo Okamoto conquistou o bronze na cansativa prova de 1500m livre. O País conquistou mais dois terceiros-lugares com Manuel dos Santos Júnior, nos 100m livre, nos Jogos de Roma 1960, e no revezamento 4x200m livre, formado por Djan Madruga, Ciro Delgado, Jorge Fernades e Marcus Mattioli, em 1980, em Moscou.
Foi, no entanto, nos Jogos de Los Angeles, em 1984, que a natação brasileira começou a ganhar destaque da imprensa. Ricardo Prado, que dois anos antes havia batido o recorde mundial nos 400m nado medley com apenas 17 anos, chegou a competição como um dos favoritos, apesar da pouca idade. E apesar de não ter conquistado o ouro inédito, não decepcionou o público brasileiro e conquistou a medalha de prata. O vencedor foi o canadense Alex Baumann.
Prado ainda conquistaria dois ouros e duas pratas nos Jogos Pan-Americanos de Caracas, em 1983. Mas só nos Jogos de Barcelona, em 1992, o Brasil conseguiu superar o feito de Prado. Gustavo Borges, então um jovem de 20 anos, aparecia no cenário mundial como um dos possíveis rivais do também jovem, mas já favorito, russo Alexander Popov. E o brasileiro, de fato, teve um desempenho extraordinário e conquistou duas pratas, nos 100 e 200m livres.
Nos Jogos seguintes, em Atlanta, o Brasil veio muito forte e confiante na dupla formada por Borges e Fernando Scherer, o Xuxa. E o resultado veio em forma de duas medalhas. Ambos acabaram sendo superados por Popov, nas provas de 100 e 50m livres, respectivamente, e terminaram com a prata.
Os dois ainda levariam um bronze nos Jogos de Sidney, em 2000, ao lado de Edvaldo Valério e Carlos Jaime, nos 4x100 livre. Mas Gustavo Borges e Xuxa não terminariam por aí a sua participação nas conquistas olímpicas do Brasil.
Em 2003, Borges passou a treinar, em São Paulo, com um jovem promissor, nascido em Santa Bárbara d´Oeste, interior de São Paulo, em 1987. O garoto loirinho e meio tímido era Cesar Cielo, que diz ter aprendido muito com as técnicas e conselhos do ídolo Gustavo Borges, que, já em final de carreira, dedicou atenção especial ao futuro campeão.
Foi Borges, inclusive, quem levou Cielo à Universidade de Auburn, nos Estados Unidos, onde o jovem conheceu o treinador australiano Bret Hawke, seu grande mentor. Ali, Cielo intensificou seus treinos e pôde competir com os grandes atletas da modalidade no mundo, incluíndo o grande expoente da natação atual , o americano Michael Phelps. Hawke, aceitou o pedido de Cielo e passou também a fazer parte da comissão técnica da equipe brasileira, para dar sequência ao programa de treinamentos do jovem.
Em 2007, vieram os primeiros grandes resultados e em águas brasileiras. Nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, Cielo conquistou três medalhas de ouro e uma de prata. O brasileiro se mostrou um fenômeno, sobretudo, nas provas curtas de 50 e 100m livre.
A consagração total, no entanto, não demoraria a chegar. Nos Jogos de Pequim, após uma incansável preparação e com muita garra, Cesar Cielo atravessou os 50m livres com o tempo de 21s30, que lhe garantiu o primeiro ouro da história da natação brasileira. Na comemoração, “Cesão” dedicou o título a Gustavo Borges, seu grande ídolo e incentivador. Fernando Scherer, o Xuxa, era o empresário e conselheiro de Cielo na ocasião e também tinha grande participação na conquista inédita.
O choro incontido de Cielo ao receber a medalha de ouro e ouvir o hino nacional no topo do pódio, em Pequim, foi um dos momentos mais emocionantes dos Jogos e dificilmente será esquecido pelos brasileiros. O nadador conquistou ainda o bronze, nos 100m livres. Confira abaixo, imagens da gloriosa conquista de Cesar Cielo:
Aqui no blog, já contamos a história de Torben Grael, o maior atleta olímpico da história do País. Agora, abriremos espaço para outro grande iatista brasileiro que pode até superar o recorde de seu antecessor: Robert Scheidt, dono de quatro medalhas olímpicas, sendo duas de ouro.
Robert nasceu em São Paulo, em 15 de abril de 1973 e já aos nove anos, incentivado pelo pai, começou a velejar nas águas da represa de Guarapiranga, no Yatch Club de Santo Amaro. Na época, o menino loirinho, já alto e atlético para a sua idade, gostava de praticar tênis, mas foi mesmo na vela onde encontrou o caminho que o levaria à glória olímpica.
Aos 12 anos, Sheidt já era tri-campeão sul-americano da classe Optimist de vela, formada por crianças de 7 a 15 anos. Após excelentes resultados, o jovem mudou de categoria e foi colecionando títulos nacionais e, em 1990, decidiu que seria realmente um atleta de elite e viajou à Dinamarca e à Suécia, onde intensificaria seus treinos.
Em 1995, Robert Sheidt já era campeão mundial junior na categoria Laser, mas foi nos Jogos Pan-Americanos em Mar del Plata, na Argentina, que o brasileiro realmente se apresentou à imprensa e ao grande público brasileiro, com a medalha de ouro conquistada, seguido do primeiro título mundial adulto, conquistado em Tenerife, na Espanha.
A consagração, porém, viria no ano seguinte: com apenas 23 anos, Robert Sheidt supreendeu o mundo ao vencer a categoria Laser e conquistar sua primeira medalha de ouro olímpica. No mesmo ano, se formou em Administração na Universidade Presbiteriana Mackenzie.
A essa altura, Sheidt já era o grande nome do iatismo no planeta, e ele se manteve no topo nas três olimpíadas seguintes. Em Sidney 2000, conseguiu a prata. Em 2004, voltou a dominar as águas atenienses e abocanhou mais um ouro que já o colocava no seleto hall dos bi-campeões olímpicos.
Quatro anos depois, em Pequim, Sheidt teve a honra de ser escolhido o porta-bandeira da delegação brasileira no desfile de abertura no Estádio Ninho de Pássaro.
Na hora de competir, o brasileiro teve problemas no início das regatas, mas conseguiu se recuperar e terminou com mais uma prata que o colocou definitivamente na história do esporte olímpico do Brasil: Scheidt é o único atleta do País a conquistarquatro medalhas em quatro Olimpíadas consecitivas.
Além das medalhas olímpicas, Robert Sheidt conquistou nove campeonatos mundiais, além de outros dois ouros e duas pratas nos Jogos Pan Americanos. Tal currículo o coloca atrás apenas de Torben Grael - que possui cinco no total -, mas em 2012 os dois disputarão uma vaga na classe Laser, e caso seja o representante brasileiro nos Jogos de Londres, Sheidt poderá se tornar o maior atleta olímpico brasileiro e único tri-campeão do País.
Maurren Higa Maggi se apresentou pela primeira vez ao público brasileiro cantando o hino nacional no lugar mais alto do pódio com as unhas pintadas com as cores de nossa bandeira e um ursinho de pelúcia no colo. A cena aconteceu nos Jogos Pan Americanos de Winnipeg, no Canadá, em 1999, após a vitória da atleta no salto em distância. A inocência e a alegria da menina de 23 anos comoveram a todo o País, que mal fazia ideia de onde essa brasileira poderia chegar e quantos desafios ela teria de enfrentar em sua carreira.
Em 2003, Maurren já era uma das atletas mais famosas do País e conquistara o terceiro lugar no campeonato mundial daquele ano, disputado em Birminghan, na Inglaterra. Porém, poucos dias antes do início do Pan Americano de Santo Domingo, onde pretendia defender seu título, a brasileira sofreu o golpe mais duro de sua carreira: seu exame antidoping deu positivo para substância Clostebol, primeira droga na lista de proibições da Associação Internacional de Federações de Atletismo.
Maurren se explicou dizendo que não sabia que o creme cicatrizante Novaderm - que teria sido aplicado após uma sessão de depilação definitiva - continha tal substância, mas sua defesa não foi aceita e ela recebeu dois anos de punição. A atleta se mostrou muito abatida após seu afastamento e parou de praticar o esporte. Durante todo o período de punição, cuidou do nascimento de sua filha Sofia, em Mônaco, onde residia com seu então marido, Antônio Pizzonia, piloto de Fórmula 1.
Foi Sofia, inclusive quem lhe deu forças para voltar ao atletismo quando se encerrou o período de punição. Em 2006, a Maurren já estava de volta às pistas e com muita força de vontade conseguiu classificação para o Pan do Rio, que seria disputado no ano seguinte. Na cidade maravilhosa, a atleta voltou a sorrir e a chegar ao lugar mais alto do pódio.
Porém, foi em 2008 que Maurren escreveu definitivamente seu nome na história: a brasileira fez a melhor marca na prova do salto em distância - 7,04 m, um centímetro a mais que sua principal rival, a russa Tatiana Lebedeva – e conquistou a primeira medalha de ouro do atletismo feminino do Brasil. No pódio, a medalhista brasileira não conteve as lágrimas e dedicou a vitória a sua filha. “É pela Sofia que eu estou aqui. Tenho certeza de que Deus fez um caminho diferente, mas para dar tudo certo.”
Maurren Higa Magi,nascida em São Carlos (SP), em 1976, é um dos grandes exemplos de superação de nosso País. Ela soube saltar toda a desconfiança após ser acusada de doping e com muita esforço e perseverança se tornou a maior atleta olímpica do Brasil. Confira abaixo uma homenagem preparada pelo programa Esporte Espetacular da Rede Globo, após a conquista da medalha de ouro, ao sim de O Portão, do rei Roberto Carlos:
O Blog Heróis Olímpicos do Brasil não poderia deixar de contar a história de um dos primeiros grandes nomes do esporte nacional, que chegou ao lugar mais alto do pódio em Jogos Olímpicos em duas ocasiões, numa época em que o Brasil ocupava papel de mero coadjuvante no atletismo mundial: Adhemar Ferreira da Silva.
O brasileiro, nascido em 29 de setembro de 1927, em São Paulo, conquistou sua primeira medalha de ouro internacional no santo em distância, em 1951, nos jogos Pan-Americanos de Buenos Aires. Mas o nome de Adhemar entrou mesmo para a história do esporte brasileiro depois de conquistar a medalha de ouro nos jogos Olímpicos de Helsinque, em 1952, na Finlândia. Além da medalha de ouro, ele bateu o recorde mundial ao saltar 16,22 m, marca que foi considerada o limite humano, na época.
A essa altura, Adhemar já era uma celebridade do esporte mundial, mas queria mais e conseguiu: voltou a ser campeão olímpico em 1956, em Melbourne, na Austrália. Antes da prova, uma dor de dente quase o tirou das pistas. O brasileiro conseguiu se recuperar e saltou 16,36 metros. Adhemar Ferreira da Silva foi o primeiro e único atleta brasileiro a conquistar dois títulos consecutivos em Olimpíadas.
Adhemar se despediu das pistas em 1960, após saltar 15,07 m nos jogos olímpicos de Roma, onde quase não participou por devido a problemas pulmonares. Ídolo das torcidas do São Paulo e Vasco da Gama, Adhemar morreu no dia 12 de janeiro de 2001, vítima de um ataque cardíaco fulminante. Até hoje o São Paulo Futebol Clube carrega duas estrelas no peito, que representam suas conquistas olímpicas.
No último post, contamos a história das grandes seleções masculinas de vôlei, especificamente da Geração de Prata, que conquistou o Brasil com a segunda colocação nas Olimpíadas de Los Angeles, em 1984, e deu início ao desenvolvimento do esporte no País. Porém, essa equipe não influenciou apenas os homens e os resultados podem ser vistos também nas últimas campanhas do vôlei feminino em Jogos Olímpicos e outras competições.
O Brasil é o atual campeão olímpico e número 1 do ranking da Federação Internacional de Voley Ball (FIVB) e tem uma das melhores Ligas do planeta. Porém, esse sucesso teve início na década de 90 e se deve muito a dois treinadores, que posteriormente trocaram de cargo: Bernardinho e José Roberto Guimarães.
O atual comandante da equipe masculina, Bernardinho, assumiu o comando da promissora seleção feminina em 1994, que contava com o talento de jogadoras como Ana Moser, Fernanda Venturini, Márcia Fu além das jovens Virna, Fofão e Leila. O Brasil que até então variava entre a 10ª e a 5ª colocações nas competições internacionais, iniciou o ciclo de vitórias dessa geração já no Mundial do mesmo ano, disputado em terras brasileiras. Na ocasião, o Brasil ficou com o vice, mas já dava mostras de que iria brigar com as cubanas pelo reinado da modalidade.
O que se viu nos anos seguintes foi justamente uma grande rivalidade contra Cuba e muitas vezes o Brasil levou a melhor como no Grand Prix de 1994. Nos jogos de Atlanta, em 1996 as cubanas deram o troco e venceram as semifinais por 3 sets a 2, em uma partida histórica, que terminou com briga entre as atletas. Comandados por Ana Moser, a equipe não se abateu na disputa do bronze e bateu a Rússia, por 3 sets a 2, conquistando a primeira medalha olímpica do País nessa modalidade.
A vingança contra Cuba veio no mesmo ano, com a vitória no Grand Prix de Xanghai, em vitória canarinho também no tie-break e que novamente terminou em confusão. O time seguiu um caminho de sucessos até o último título sob o comando de Bernardinho, o Pan Americano de Winnipeg em 1999.
Nos Jogos de Sidney em 2000, novamente a equipe – já renovada, com Elisângela, Érika e Waleska - perdeu para Cuba na semifinal, e ficou apenas com o bronze após vitória diante dos Estados Unidos. Com a saída do técnico Bernardinho, que assumira a equipe masculina, as meninas do Brasil sofreram um grande baque e, devido a desentendimentos com o novo treinador Marco Aurélio Motta, não obteve bons resultados nos anos seguintes.
O caminho das vitórias só foi redescoberto em 2003, com a chegada do técnico José Roberto Guimarães, comandante da medalha de ouro em Barcelona, com o masculino. O treinador promoveu uma grande renovação com a convocação de jovens como Sheila, Mari, Paula Pequeno, Sassá, Walesquinha, Fabi, Carol Gattaz, entre outras.
Antes de conquistar títulos, porém, a equipe teve de sofrer um duro golpe, nos Jogos de Atenas, em 2004. A equipe manteve a sina de ser eliminada nas semifinais ao perder para a Rússia, por 3 sets a 2, depois de desperdiçar muitas chances de fechar a partida. A equipe acusou o golpe e dessa vez nem o bronze obteve.
Porém, José Roberto Guimarães e suas meninas souberam absorver o resultado e, mais amadurecidas, comandaram à época de ouro do vôlei feminino do País. A equipe conquistou os Grand Prix de 2004, 2005, 2006, 2008 e 2009. Mas o grande feito dessa seleção aconteceu nos Jogos de Pequim, em 2008.
Com incríveis atuações de Sheila e Paula Pequeno, o Brasil bateu todas as adversárias de forma incontestável, e ao vencer a final contra os Estados Unidos por 3 sets a 1, se livrou da fama de “amarelão” e conquistou a inédita medalha dourada. O resultado coroou o trabalho de quase vinte anos e colocou o Brasil de vez no topo do vôlei mundial.
Confira imagens da conquista do ouro inédito, em Pequim, ao som de We are the Champions, do Queen:
O Brasil é conhecido mundialmente como o país do futebol, e o número de títulos e de grandes craques do esporte justifica tal alcunha. Além disso, todas as pesquisas apontam a modalidade de Pelé, Zico, Ronaldo e Neymar como a mais popular e amada do brasileiro. No entanto, o vôlei brasileiro vem ganhando cada vez mais espaço e popularidade, e, ao menos em número de conquistas, já superou o futebol.
Atualmente, o Brasil é o atual campeão Mundial de vôlei - tanto na categoria masculina quanto na feminina -, tem uma das ligas mais importantes e competitivas do planeta e nomes como Giba, Sheila, Murilo, Mari, Bernardinho e José Roberto Guimarães já são muito conhecidos e, sobretudo, admirados pelo público brasileiro. Mas antes de se tornar também o país do vôlei, o Brasil teve que se desenvolver muito no esporte e grandes nomes marcaram gerações passadas, sobretudo, em Olimpíadas.
Neste post, abordaremos as grandes campanhas do vôlei brasileiro apenas na categoria masculina e é impossível não citar a equipe de 1984, que deu início a essa história de conquistas nacionais: a inesquecível “Geração de Prata”.
O Brasil disputou todas as edições de jogos olímpicos desde que o vôlei foi inserido entre as modalidades, nos Jogos de Tóquio 1964, mas apenas vinte anos depois obteve sua primeira grande conquista. A seleção dirigida por Bebeto de Freitas e formada por Bernard, Bernardinho, Montanaro, Xandó, Fernandão, William, Renan, Ruy, Marcos Vinícius, Domingos Maracanã e Amauri encantou o Brasil e o mundo, e com a medalha de prata conquistada nos Jogos de Los Angeles abriu as portas para o desenvolvimento do esporte no País.
Na ocasião, o Brasil fez uma ótima campanha, batendo, inclusive, os Estados Unidos, por 3 sets a 0 na primeira fase. Porém, na final a jovem equipe brasileira não foi páreo para os experientes americanos que devolveram o resultado e levaram o ouro. No entanto, o público reconheceu o esforço e a qualidade de nossos jogadores e os recebeu com muito carinho na volta ao Brasil.
Nascia ali uma nova tradição no esporte, e William, Montanaro, Bernard e Renan já eram ídolos de milhões de brasileiros que vibravam com os pontos e os inovadores saques “viagem” e “jornada nas estrelas”. O sucesso da equipe foi tão grande que em 1983, a chamada “Geração de Prata” foi capaz de lotar o estádio do Maracanã em uma partida amistosa contra a União Soviética, considerada a melhor seleção do mundo, na ocasião.
Confira no vídeo abaixo imagens dessa partida histórica:
O êxito dessa equipe trouxe muitos investimentos e incentivou a popularização do vôlei no País, o que pôde ser comprovado oito anos depois, nos Jogos de Barcelona, em 1992. Já com nomes como Maurício, Tande, Giovane, Marcelo Negrão e Carlão, a equipe verde-amarela foi além e conquistou o ouro inédito, ao bater a Holanda por 3 sets a 0, na final. Com o resultado, os comandados por José Roberto Guimarães se tornaram a primeira equipe sul-americana a conquistar tal feito, se consolidando como uma das grandes forças do esporte.
Confira abaixo, uma reportagem da TV inglesa sobre a final vencida pelos brasileiros:
O auge, porém, viria com a chegada do técnico Bernardinho, levantador vice-campeão olímpico, em 1984. Após a sua chegada e com o amadurecimento de nomes como Giba, Nalbert, Gustavo, Serginho, Ricardinho, Ricardo Nascimento, entre outros, o Brasil conquistou praticamente todos os títulos que disputou. Foram três mundiais (2002, 2006 e 2010) e oito Ligas Mundiais (2001, 2003, 2004, 2005, 2006, 2007, 2009 e 2010).
O título mais importante dessa geração, porém, veio no templo dos Jogos Olímpicos: Atenas, em 2004. A equipe conseguiu superar a trauma da eliminação sofrida para a Argentina quatro anos antes, e atropelou todos os adversários. Na final, comandados por Giba, os brasileiros bateram a Itália - seu grande rival nas décadas de 90 e 2000 - por 3 sets a 1, conquistando o bi-campeonato.
Em 2008, em Pequim, o Brasil manteve o alto nível, mas desfalcado do levantador Ricardinho – que se desentendeu com o treinador Bernardinho no ano anterior – terminou mais uma vez com a medalha de prata, novamente perdendo para os americanos, por 3 sets a 1.
Nos anos seguintes, Bernardinho soube promover uma renovação na seleção, mas manteve alguns jogadores experientes e foi, justamente, essa mescla o ponto chave para as posteriores conquistas. Comandados por Murilo, irmão do meio de rede Gustavo, o Brasil conquistou duas Ligas Mundiais e uma Copa do Mundo.
Graças a estes brilhantes resultados e pelo esforço de todos estes heróis do esporte nacional, (incluindo também as conquistas femininas, que serão abordadas no próximo post) hoje o vôlei se consolidou como o segundo esporte do País e é reverenciado em todo o planeta, algo que antes só acontecia com o futebol.
Lembrando que o futebol brasileiro nunca conquistou uma medalha de ouro em Jogos Olímpicos. O melhor resultado foi a prata conquistada, em 1988 – comandados por Romário e Bebeto, o Brasil sucumbiu ao forte jogo dos soviéticos na final em Seul, perdeu por 2x1 e terminou na segunda colocação.
A maioria dos atletas fica lembrada pelas suas conquistas, em geral medalhas de ouro. Mas um brasileiro ficou marcado para sempre na história dos Jogos pela sua atitude desportiva na Olimpíada de 2004, em Atenas. Vanderlei Cordeiro de Lima tinha 36 anos quando ganhou a Medalha Pierre de Coubertin, concedida a atletas que valorizam o esporte mais que a vitória, um dos prêmios mais nobres concedido pelo Comité Olímpico Internacional (COI).
O brasileiro recebeu a honraria após a sua memorável participação na maratona olímpica – modalidade considerada a mais tradicional e que, por isso, marca o encerramento dos Jogos. Vanderlei liderava a prova até o 36° quilômetro, a seis do final, quando em um dos momentos mais críticos da prova, Vanderlei foi atacado pelo ex-sacerdote Cornelius Horan, que invadira a pista. O golpe do fanático religioso irlandês derrubou o atleta, que teve que ser socorrido por alguns espectadores, numa das cenas mais lamentáveis e, ao mesmo tempo, memoráveis da história das Olimpíadas.
Vanderlei perdeu fôlego, tempo e duas posições com o incidente, mas ainda conseguiu completar a prova em terceiro lugar. Ao entrar no estádio Panathinaikos, ele foi aplaudido de pé pelos fãs do esporte que esperavam por sua chegada, e vibraram mais do que quando o italiano Stefano Baldini cruzou a linha de chegada na primeira colocação. Mostrando seu espírito esportivo, Vanderlei adentrou ao local final da prova fazendo o aviãozinho, gesto que ficou conhecido mundialmente, e com um belo sorriso estampado no rosto.
Durante a premiação, o brasileiro nem parecia ter perdido o primeiro lugar por causa do maluco irlandês. Sua alegria e vibração contagiavam todos que estavam no ginásio. Cornelius Horan, que atrapalhou o brasileiro, não foi preso. Essa não havia sido a primeira vez que ele invadira um evento esportivo: em 2003, ele se infiltrou no Grande Premio de Silverstone de Fórmula 1, vencido por Rubens Barrichello, com uma faixa implorando que todos lessem a bíblia.
Além da medalha olímpica de bronze, Vanderlei Cordeiro de Lima conquistou dois ouros nos Jogos Panamericanos de Winnipeg, em 1999, e em Santo Domingo, em 2003. O herói olímpico se aposentou em 31 de dezembro de 2008, na corrida de São Silvestre e, atualmente, participa de provas promocionais de seus patrocinadores.
Confira abaixo o vídeo que mostra a invasão do padre irlandês, a recuperação do brasileiro e a chegada ao Estádio Olímpico, ao som de “Tente Outra Vez”, de Raúl Seixas:
No último post, o blog contou um pouco da trajetória do iatista Torben Grael, passando pelo início de sua carreira até suas principais conquistas. Agora, para completar, Heróis Olímpicos do Brasil traz para você uma entrevista exclusiva com o maior atleta olímpico de nossa história.
Paulistano, radicado no Rio de Janeiro, Torben conquistou duas medalhas de ouro (1996 e 2004), uma de prata (1984) e duas de bronze (1988 e 2000). Atualmente, aos 50 anos, Torben segue praticando o esporte e promete brigar com o também bi-campeão olímpico Robert Sheidt por uma vaga na classe Star para os Jogos do ano que vem, em Londres.
Em conversa realizada via e-mail, Torben falou sobre as maiores conquistas de sua carreira, do ambiente na vila olímpica e de seus próximos desafios no esporte. Quanto à escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos de 2016, o iatista torce para que haja melhorias no desenvolvimento dos esportes no País, mas se mostra um pouco decepcionado com o que tem visto até agora. Confira a entrevista na íntegra:
Heróis Olímpicos BR: De todas as Olimpíadas que você disputou, alguma ficou marcada em especial? Por quais motivos?
Torben Grael: Toda Olimpíada é muito especial. Se você conquistar uma medalha, mais ainda. Mas Atenas onde conquistei o segundo ouro foi o mais espcial, porque me elevou ao nível de maior atleta olímpico do País e por ter sido num lugar também especial para o Olimpismo.
HoBR: Quais as maiores lembranças que você tem daquela competição e como foi a preparação para atingir esse feito?
TG: Só tenho lembranças maravilhosas de lá. Deu tudo certo. Tínhamos nos preparado especialmente bem e chegamos lá muito confiantes por isso. As condições nos eram favoráveis e acabamos vencendo por antecipação, o que é pouco comum em nosso esporte.
HoBR: Como é o ambiente dentro da vila olímpica? Você se lembra de alguma história engraçada ou curiosa que tenha ocorrido durante uma Olimpíada que possa contar?
TG: Temos inúmeras histórias, algumas melhor nem contar (risos). Uma coisa interessante é que, em 2004, da nossa casa que se chamava Centauros (os quartos era divididos por nomes e não números), vieram quatro medalhas de ouro: no Iatismo classes Star e Laser, Vôlei de praia e Vôlei de quadra. Curioso, não?
HoBR: Você foi vitorioso em todas as categorias que disputou no iatismo, mas você tem preferência por alguma delas em especial?
TG: É verdade, e isso é uma coisa realmente que me dá muita satisfação, mas Olimpíada é sempre mais especial para qualquer esporte.
HoBR: Quais são seus próximos desafios no esporte? Você pretende aumentar ainda mais o seu recorde como atleta olímpico?
TG: Como todo esportista, sempre procuro meus limites. A tarefa, porém, é cada vez mais dificil...
HoBR: O que você achou da escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos de 2016? Você vê o Brasil em condições de realizar um evento desse porte e acredita que ele deixará um bom legado para o País?
TG: Achei que a escolha do Rio como sede Olímpica em 2016 pudesse trazer uma transformação em politicas esportivas e na importância do esporte no nosso país. Mas estou cada vez mais cético quanto a estas mudanças.
HoBR: Além do iatismo, quais outros esportes você gosta de praticar ou assistir?
TG: Adoro assistir esportes, especialmente o tênis, que também pratico, assim como o vôlei.
HoBR: Em quais modalidades ou atletas brasileiros você aposta para os próximos Jogos de 2012, em Londres?
TG: Torço para que meu esporte consiga manter a tradição de bons resultados.
O Brasil deve sete medalhas olímpicas de sua história aos Schmidt, uma família dinamarquesa de velejadores. Mas quando deixou a Escandinávia rumo às terras tropicais no início do século passado, Preben, mal sabia que dois de seus netos se tornariam grandes nomes do esporte olimpico brasileiro. O mais velho, Torben, o maior deles, com cinco medalhas conquistadas, sendo duas de ouro.
Torben Schimidt Grael nasceu em São Paulo, em 1960, mas se criou em Niterói (RJ), onde teve seu primeiro contato, aos sete anos, com o iatismo – esporte realizado com barcos movidos por propulsão à vela, com a ajuda dos ventos.
Incentivado pela família materna – todos velejadores – e pelo pai, um militar do Exército, Torben passou a velejar regularmente com seus irmãos Axel e Lars, na Bahia de Guanabara. O último, quatro anos mais novo seria seu primeiro grande parceiro na carreira. Presente de seu avô Preben, o primeiro barco que utilizou se chamava Aileen e havia sido usado por três velejadores dinamarqueses, medalhistas de prata nas Olimpíadas de 1912, em Estocolmo.
A primeira conquista veio em terras portuguesas, em 1983. Ao lado de Lars, Torben venceu o campeonato mundial da classe Snipe, em Porto, naquele que seria apenas o primeiro de mais de trinta títulos conquistados na vela.
No ano seguinte, Torben conquistou sua primeira medalha olímpica: prata, na categoria Soling, nos Jogos de Los Angeles. A partir daí, o atleta passou a se dedicar à categoria Star, onde obteve resultados impressionantes que o levaram ao degrau mais alto do pódio nos Jogos Olímpicos.
Torben, no entanto teve que esperar mais três Olimpíadas para chegar ao primeiro ouro. Em 88, foi bronze, em Seul. Mas em 1996, nos jogos de Atlanta, nos Estados Unidos, sua hora finalmente havia chegado e Torben pôde enfim ouvir o hino nacional, com a medalha de ouro no peito. Esses foram os jogos em que o Brasil conquistou o maior número de medalhas de sua história: 15, sendo três de ouro, três de prata e nove de bronze – um deles conquistado por seu irmão Lars.
Quatro anos depois, Torben foi bronze, nas Olímpiadas de Sidney, na Austrália. Paralelamente às conquistas olímpicas, o brasileiro venceu seis campeonatos mundiais e chegou à final de uma America’s Cup – a mais importante regata da Vela no mundo.
Porém, sua grande consagração veio em 2004, justamente em Atenas, o berço dos Jogos Olímpicos. Torben foi ouro na classe Star e se tornou o maior atleta olímpico brasileiro de todos os tempos. Atualmente, é seguido pelo também iatista Robert Scheidt (que também receberá um post especial), que possuí quatro medalhas, sendo duas de ouro, uma delas também conquistada nos Jogos da Grécia.
Em 2007, Torben anunciou que não disputaria os Jogos de Pequim, no ano seguinte, abrindo mão de expandir seu recorde e passou a se dedicar apenas à vela oceânica. Ao longo de sua carreira, o brasileiro brilhou também na categoria match race, uma competição entre apenas dois barcos.
Seu irmão Lars, completa com mais um bronze, conquistado em 88, o quadro de sete medalhas da família Shmidt Grael na história dos Jogos. Se vivo, vovô Preben estaria muito orgulhoso.