terça-feira, 17 de maio de 2011

O rei dos mares

O Brasil deve sete medalhas olímpicas de sua história aos Schmidt, uma família dinamarquesa de velejadores. Mas quando deixou a Escandinávia rumo às terras tropicais no início do século passado, Preben, mal sabia que dois de seus netos se tornariam grandes nomes do esporte olimpico brasileiro. O mais velho, Torben, o maior deles, com cinco medalhas conquistadas, sendo duas de ouro.  

Torben Schimidt Grael nasceu em São Paulo, em 1960, mas se criou em Niterói (RJ), onde teve seu primeiro contato, aos sete anos, com o iatismo – esporte realizado com barcos movidos por propulsão à vela, com a ajuda dos ventos.

Incentivado pela família materna – todos velejadores – e pelo pai, um militar do Exército, Torben passou a velejar regularmente com seus irmãos Axel e Lars, na Bahia de Guanabara. O último, quatro anos mais novo seria seu primeiro grande parceiro na carreira. Presente de seu avô Preben, o primeiro barco que utilizou se chamava Aileen e havia sido usado por três velejadores dinamarqueses, medalhistas de prata nas Olimpíadas de 1912, em Estocolmo.

A primeira conquista veio em terras portuguesas, em 1983.  Ao lado de Lars, Torben venceu o campeonato mundial da classe Snipe, em Porto, naquele que seria apenas o primeiro de mais de trinta títulos conquistados na vela.

No ano seguinte, Torben conquistou sua primeira medalha olímpica: prata, na categoria Soling, nos Jogos de Los Angeles. A partir daí, o atleta passou a se dedicar à categoria Star, onde obteve resultados impressionantes que o levaram ao degrau mais alto do pódio nos Jogos Olímpicos.

Torben, no entanto teve que esperar mais três Olimpíadas para chegar ao primeiro ouro. Em 88, foi bronze, em Seul.  Mas em 1996, nos jogos de Atlanta, nos Estados Unidos, sua hora finalmente havia chegado e Torben pôde enfim ouvir o hino nacional, com a medalha de ouro no peito. Esses foram os jogos em que o Brasil conquistou o maior número de medalhas de sua história: 15, sendo três de ouro, três de prata e nove de bronze – um deles conquistado por seu irmão Lars.

Quatro anos depois, Torben foi bronze, nas Olímpiadas de Sidney, na Austrália. Paralelamente às conquistas olímpicas, o brasileiro venceu seis campeonatos mundiais e chegou à final de uma America’s Cup – a mais importante regata da Vela no mundo.

Porém, sua grande consagração veio em 2004, justamente em Atenas, o berço dos Jogos Olímpicos. Torben foi ouro na classe Star e se tornou o maior atleta olímpico brasileiro de todos os tempos. Atualmente, é seguido pelo também iatista Robert Scheidt (que também receberá um post especial), que possuí quatro medalhas, sendo duas de ouro, uma delas também conquistada nos Jogos da Grécia.

Em 2007, Torben anunciou que não disputaria os Jogos de Pequim, no ano seguinte, abrindo mão de expandir seu recorde e passou a se dedicar apenas à vela oceânica. Ao longo de sua carreira, o brasileiro brilhou também na categoria match race, uma competição entre apenas dois barcos. 

Seu irmão Lars, completa com mais um bronze, conquistado em 88, o quadro de sete medalhas da família Shmidt Grael na história dos Jogos. Se vivo, vovô Preben estaria muito orgulhoso.

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