quinta-feira, 9 de junho de 2011

Cielo e os heróis das piscinas

A natação recebeu atenção especial durante as Olimpíadas de Pequim, em 2008, sobretudo devido ao desempenho fenomenal do americano Michael Phelps , que conquistou oito medalhas de ouro e se tornou o maior campeão olímpico de uma única edição dos Jogos – superando seu compatriota Mark Spitz que havia ganho sete em Munique, 1972. Mas as águas do complexo Cubo D´Água também entraram para a história do esporte brasileiro com a conquista do ouro inédito de César Cielo, nos 50m livre.

Porém, antes de chegar ao ouro olímpico, a natação brasileira teve outros heróis, que quase atingiram o feito e influenciaram as seguintes gerações – os mais recentes, inclusive, tem grande participação na medalha dourada de Cielo.

A história de conquistas do Brasil na modalidade teve início em 1952, em Helsinque, quando Tetsuo Okamoto conquistou o bronze na cansativa prova de 1500m livre. O País conquistou mais dois terceiros-lugares com Manuel dos Santos Júnior, nos 100m livre, nos Jogos de Roma 1960, e no revezamento 4x200m livre, formado por Djan Madruga, Ciro Delgado, Jorge Fernades e Marcus Mattioli, em 1980, em Moscou.

Foi, no entanto, nos Jogos de Los Angeles, em 1984, que a natação brasileira começou a ganhar destaque da imprensa. Ricardo Prado, que dois anos antes havia batido o recorde mundial nos 400m nado medley com apenas 17 anos, chegou a competição como um dos favoritos, apesar da pouca idade. E apesar de não ter conquistado o ouro inédito, não decepcionou o público brasileiro e conquistou a medalha de prata. O vencedor foi o canadense Alex Baumann.

Prado ainda conquistaria dois ouros e duas pratas nos Jogos Pan-Americanos de Caracas, em 1983. Mas só nos Jogos de Barcelona, em 1992, o Brasil conseguiu superar o feito de Prado. Gustavo Borges, então um jovem de 20 anos, aparecia no cenário mundial como um dos possíveis rivais do também jovem, mas já favorito, russo Alexander Popov.  E o brasileiro, de fato,  teve um desempenho extraordinário e conquistou duas pratas, nos 100 e 200m livres.

Nos Jogos seguintes, em Atlanta, o Brasil veio muito forte e confiante na dupla formada por Borges e Fernando Scherer, o Xuxa. E o resultado veio em forma de duas medalhas. Ambos acabaram sendo superados por Popov, nas provas de 100 e 50m livres, respectivamente, e terminaram com a prata.
Os dois ainda levariam um bronze nos Jogos de Sidney, em 2000, ao lado de Edvaldo Valério e Carlos Jaime, nos 4x100 livre. Mas Gustavo Borges e Xuxa não terminariam por aí a sua participação nas conquistas olímpicas do Brasil.

Em 2003, Borges passou a treinar, em São Paulo, com um jovem promissor, nascido em Santa Bárbara d´Oeste, interior de São Paulo, em 1987. O garoto loirinho e meio tímido era Cesar Cielo, que diz ter aprendido muito com as técnicas e conselhos do ídolo Gustavo Borges, que, já em final de carreira, dedicou atenção especial ao futuro campeão.

Foi Borges, inclusive, quem levou Cielo à Universidade de Auburn, nos Estados Unidos, onde o jovem conheceu o treinador australiano Bret Hawke, seu grande mentor. Ali, Cielo intensificou seus treinos e pôde competir com os grandes atletas da modalidade no mundo, incluíndo o grande expoente da natação atual , o americano Michael Phelps. Hawke, aceitou o pedido de Cielo e passou também a fazer parte da comissão técnica da equipe brasileira, para dar sequência ao programa de treinamentos do jovem.

Em 2007, vieram os primeiros grandes resultados e em águas brasileiras. Nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, Cielo conquistou três medalhas de ouro e uma de prata. O brasileiro se mostrou um fenômeno, sobretudo, nas provas curtas de 50 e 100m livre.

A consagração total, no entanto, não demoraria a chegar. Nos Jogos de Pequim, após uma incansável preparação e com muita garra, Cesar Cielo atravessou os 50m livres com o tempo de 21s30, que lhe garantiu o primeiro ouro da história da natação brasileira. Na comemoração, “Cesão” dedicou o título a Gustavo Borges, seu grande ídolo e incentivador. Fernando Scherer, o Xuxa, era o empresário e conselheiro de Cielo na ocasião e também tinha grande participação na conquista inédita.

O choro incontido de Cielo ao receber a medalha de ouro e ouvir o hino nacional no topo do pódio, em Pequim, foi um dos momentos mais emocionantes dos Jogos e dificilmente será esquecido pelos brasileiros. O nadador conquistou ainda o bronze, nos 100m livres. Confira abaixo, imagens da gloriosa conquista de Cesar Cielo:


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